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Muitos foram os pais que neste último ano se viram obrigados a dizer esta frase aos seus filhos, ou por estarem infetados ou por terem risco iminente, ou por terem que estar isolados de forma preventiva. E, se a partir de uma certa idade já há compreensão para toda esta situação os mais pequeninos até podem compreender, mas, não aceitam nem lhes faz sentido que não possam estar com quem amam e que os ama. Tentam e furam sistematicamente os isolamentos, puxam as máscaras, beijam e abraçam!!

A vida mudou e não foi uma mudança desejada, ansiada nem conquistada. Foi uma mudança repentina, assustadora e, em muitos casos promotora de solidão.

Todas, sem exceção, todas as famílias sentiram esta mudança, todas tiveram que fazer alterações, todas tiveram que explicar aos mais novo e mais velhos, o que se está a passar de uma forma mais ou menos criativa. E todas as famílias, infelizmente algumas com perdas físicas, todas vamos abraçar 2021 com a força que temos!

Foi um Natal diferente, não estivemos fisicamente com quem amamos, ainda temos um medo que antes não existia, ainda continuamos a ter cuidados diferentes. Vamos então de forma simples explicar aos mais novos o que estamos a viver e arranjar estratégias fáceis para lidarmos com tudo isto.

Expliquemos que amar não implicar estar sempre junto, que a distância física não promove por si só a distância emocional, ela aumenta a saudade e a emoção do reencontro. Tantas pessoas que vivem juntas e passam muito tempo juntas e não estão próximas em termos emocionais.

Expliquemos que é uma fase das nossas vidas e que como todas elas tem aspetos positivos e negativos, façam por escrito uma lista destes aspetos e partilhem com a família.

Nunca em nenhuma pandemia antes vista tivemos tantos meios de comunicação que nos permitem estar próximos, ver, falar, podemos jantar todos juntos cada um em sua casa, não é maravilhoso? Nunca mais estaremos sós!

Vamos, por fim, aproveitar bem o tempo que agora temos e que tanto pedimos para ter (mais tempo em família por favor), vamos fazer uma lista com atividades divertidas, onde claro a consola tem que existir mas, onde também devem constar jogos de tabuleiro, pintura, costura, futebol, correr, nadar, jogar as cartas, fazer bolos, ler, ver um filme juntos, fazer legos, arrumar, desarrumar, fazer um puzzle gigante, estudar….. Todas as atividades moderadas, no tempo principalmente a consola, que deve ter um tempo estipulado, definido em família, para que todas as outras atividades possam acontecer. Um tempo entre a 1h e as 2h, não mais do que isso.

Não há ausente maior do que aquele que está na mesma casa e não se fala, não se toca, não comunica, cada um no seu telemóvel, ou consola e o convívio está feito. Se conseguirmos tirar o melhor desta situação, conseguimos mudar hábitos e rotinas da nossa família e aumentar significativamente o Amor que nos une!

Tenho famílias em terapia que me dizem “nunca na minha vida falei tanto ao telefone com a minha mãe, agora todos os dias há um vídeo chamada, uma refeição que fazemos juntos, mesmo que cada um na sua casa”

Afinal amamo-nos, estamos juntos e próximos uns dos outros! Agradecer sempre, agradeçamos os ensinamentos que esta pandemia nos está a trazer e que apesar do inicio de desconfinamento de 2021 estar a começar, a proximidade se mantenha.

Dra. Filipa Martins

Terapeuta Individual, Familiar e de Casal

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